sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Igreja Perseguida na Arábia Saudita

3ª posição na Classificação de países por perseguição

Circundada pelo Mar Vermelho e pelo Golfo Pérsico, a Arábia Saudita está localizada no coração do Oriente Médio e possui fronteiras com sete países. Grande parte de seu território é desértico, com a presença de alguns poucos oásis.

A maioria dos sauditas vive em grandes cidades, tais como Riad (sede do reinado), Jidá (onde se localiza o mais importante porto do país), Meca (o coração do islã, para onde todos os muçulmanos do mundo devem peregrinar pelo menos uma vez na vida), Medina (cidade sagrada e centro cultural) e Ad Damman (produtora de petróleo).

História:

Acredita-se que a Arábia Saudita era o lar original de alguns povos bíblicos, como os cananeus e os amorreus. Muitos impérios antigos dominaram o território saudita nos períodos anteriores ao nascimento de Cristo. Alexandre, o Grande, tinha planos de conquistar a região, mas morreu antes de realizá-los. O primeiro grande acontecimento que marcou a Arábia Saudita foi o nascimento de Maomé, em 570. Por seu intermédio, o islã foi fundado no século VII e, desde então, as batalhas políticas e históricas ocorridas no país ficaram restritas às várias vertentes islâmicas lutando pelo poder.

Treze séculos mais tarde, em 1938, a cultura e a economia do país não eram muito diferentes dos tempos de Maomé. O povo seguia o islamismo, enquanto camelos e tendas ocupavam os desertos. No entanto, naquele ano, o primeiro reservatório de petróleo foi descoberto e o país iniciou um amplo programa de modernização.

Desde então, o reino da Arábia Saudita tem procurado caminhar sobre uma frágil linha entre o relacionamento com o mundo exterior e o isolamento para preservar a pureza da fé islâmica. Atualmente, o país continua sendo governado por uma monarquia baseada na sharia, a lei islâmica. Em março de 1992, uma série de decretos reais criou o primeiro código de direitos do país. Não há poder legislativo e as leis são estabelecidas pelo rei e por seus ministros.

População:

Há aproximadamente 7 milhões de estrangeiros trabalhando no país: 1,4 milhão de indianos, um milhão de bengaleses, 900 mil paquistaneses, 800 mil filipinos, 750 mil egípcios, 250 mil palestinos, 150 mil libaneses, 130 mil cingaleses, 40 mil eritreus e 25 mil norte-americanos.

Imigrantes do Sul e Sudeste Asiático são, em particular, sujeitados a condições de trabalho que constituem servidão. São submetidos a abusos físicos e sexuais, e não recebem seus salários. Os empregadores geralmente se apossam do passaporte desses imigrantes, restringindo-lhes a mobilidade e a capacidade de deixarem o país. Os empregados domésticos são mais vulneráveis, pois ficam confinados nas casas em que trabalham, impossibilitados de procurar ajuda.

Religião:

Entre os estrangeiros há muçulmanos, cristãos, hindus e budistas. Cerca de 90% da comunidade filipina é cristã.

O islamismo é praticado por 100% da população saudita. Embora haja minorias de outras vertentes, a grande maioria segue a tradição sunita. O sistema legal do país é baseado em uma interpretação própria da sharia. O islamismo é a religião oficial, e a lei requer que todos os cidadãos sejam muçulmanos.

A Arábia Saudita é o coração do islã e abriga as mais sagradas localidades islâmicas. Quase um milhão de peregrinos acorre ao país todos os anos. As sedes de algumas das mais importantes organizações internacionais islâmicas encontram-se no país, com destaque para a Liga Islâmica Mundial, responsável pela divulgação e expansão do islã pelo mundo por meio de missões, apoio financeiro e radiodifusão.

Governo:

O rei Abdullah bin Abdel Aziz al-Saud anunciou amplas reformas na estrutura administrativa e judicial do reino.1 Uma delas foi a nomeação inédita de uma mulher para ocupar um ministério, em 2009. Noura bint Mohammed bin Musaid al-Fayez assumiu o cargo de vice-ministro da Educação Feminina.

O rei também destitui de cargos de confianças pessoas notórias por sua visão conservadora.

Na Arábia Saudita, os jornais são criados por decreto real. Jornais árabes estrangeiros são submetidos à censura e então circulam. Eles têm de seguir o exemplo da agência de notícias estatal no que diz respeito à publicação de histórias ou assuntos delicados.

Estações de rádio e TV particulares não podem operar dentro do território saudita. Mesmo assim, a nação representa uma audiência importante para estações árabes transmitidas via satélite.

O governo tem investido muito em sistemas de segurança para bloquear o acesso de usuários a sites da internet considerados ofensivos.

Economia:
A Arábia Saudita detém mais de 25% das reservas de petróleo do mundo.

Os últimos cinco anos de alta no preço do petróleo criaram amplas reservas financeiras neste país. Entretanto, com a crise econômica global e a queda do preço do petróleo, acredita-se que o crescimento da Arábia Saudita em 2009 será menor.

A Igreja:
De acordo com a tradição, o apóstolo Barnabé foi o primeiro a levar o evangelho à Arábia Saudita. Quando o islamismo chegou à região, já havia uma grande população de cristãos que auxiliou Maomé durante o seu exílio. Quando o islamismo assumiu o controle, no século VII, todos os cristãos foram expulsos. Desde então, nenhuma missão foi autorizada a entrar no país.

Atualmente, a maioria dos cristãos no território saudita é constituída de estrangeiros que vivem e trabalham nas bases militares ou para as companhias de petróleo. Há um pequeno grupo de cristãos sauditas não declarados, vivendo sob constante temor de serem descobertos, presos e executados. Eles encaram os novos convertidos não com júbilo, mas com medo e suspeita. Essa atitude impede o crescimento da Igreja.

Há convertidos sauditas, mas é extremamente difícil se chegar a um número exato, pois não estão organizados em igrejas, nem em grupos domésticos.

A perseguição:

O governo não reconhece legalmente a liberdade religiosa e nem lhe dá proteção. A prática pública de religiões não-muçulmanas é proibida. No que diz respeito à política pública, o governo afirma garantir e proteger os direitos de cultos privados para todos, incluindo não-muçulmanos que se reúnem em casas; no entanto, esse direito não é sempre respeitado na prática e não está definido na lei.

A Arábia Saudita é uma monarquia islâmica sem proteção legal à liberdade de religião. O islamismo é a religião oficial e a lei exige que todos os cidadãos sejam muçulmanos. De acordo com a sharia, a apostasia (abandono do islamismo) é considerada um crime punível com a morte se o acusado não se retratar.

O governo proíbe a prática pública de religiões não-muçulmanas. O governo reconhece o direito de cristãos estrangeiros cultuarem em particular. Entretanto, na prática ele nem sempre respeita este direito. As pessoas detidas pela prática do culto não-muçulmano quase sempre são deportadas pelas autoridades, algumas vezes, depois de longos períodos de detenção. Em alguns casos, são também sentenciadas a açoites antes da deportação.

Os cristãos que exercem sua fé de modo particular e discreto quase nunca são incomodados. Entretanto, há problemas quando cidadãos se queixam dos cultos realizados pelos vizinhos. Alguns alegam que informantes pagos pelas autoridades se infiltram em seus grupos cristãos particulares.

Os não-muçulmanos são rigorosamente proibidos de entrar na cidade sagrada de Meca; os que ultrapassam os limites podem ser mortos. Além disso, os cristãos da Arábia Saudita vivem sob constante risco, isso devido à atuação de radicais islâmicos que podem tentar assassinar os líderes das comunidades cristãs ou infiltrar informantes entre os membros das igrejas. O governo oferece uma recompensa equivalente a um ano de salário - um prêmio tentador para muitos - a qualquer pessoa que denunciar uma reunião cristã.

O governo não permite que clérigos não-muçulmanos entrem no país com o propósito de dirigir cultos, apesar de alguns o fazerem em segredo. Tais restrições tornam muito difícil para a maioria dos cristãos manter contato com clérigos e frequentar cultos.

O Comitê para Promoção da Virtude e Prevenção do Vício (comumente chamado de "polícia religiosa" ou mutawwa) é uma entidade governamental e seu presidente tem condição ministerial. A mutawwa tem autoridade para deter pessoas, não mais que 24 horas, por violação dos estritos padrões de vestuário e comportamento. Entretanto, às vezes ultrapassam esse limite antes de liberarem os detidos para a polícia.

O proselitismo e a distribuição de materiais não-muçulmanos, como Bíblias, são ilegais. As autoridades alfandegárias costumam abrir correspondências e carregamentos à procura de contrabando, incluindo materiais cristãos, como Bíblias e fitas de vídeo. Tais materiais estão sujeitos ao confisco, apesar das normas parecerem aplicar-se arbitrariamente.

O governo restringe a liberdade de expressão e de associação, e a imprensa exerce a autocensura com relação a assuntos delicados, como a liberdade de religião. Não há organizações não governamentais independentes que monitorem a liberdade religiosa. A linguagem ofensiva e discriminatória sobre cristãos é vista nos livros-texto das escolas públicas, nos sermões das mesquitas e nos artigos e comentários na imprensa.

Em agosto de 2008, Fátima al-Mutairi, a filha de 26 anos de um clérigo muçulmano, foi assassinada por seu irmão em Buraydah, Arábia Saudita, depois que contou à família sobre sua conversão.

O contato de Fátima com outros cristãos era limitado a fóruns na internet e conversas telefônicas.

Motivos de oração:

1. A Igreja sofre em função das relações pouco amistosas com o islamismo. Ore pelo retorno das boas relações entre os líderes islâmicos e os cristãos, o que permitiria a entrada de mais trabalhadores cristãos no país.

2. Os trabalhadores estrangeiros não podem realizar cultos. No entanto, realizam-se muitas reuniões secretas e clandestinas que o governo finge ignorar. Ore para que as reuniões realizadas por esses pequenos grupos continuem a ser toleradas e sejam uma fonte eficaz de testemunho e comunhão.

3. Os muçulmanos convertidos ao cristianismo são vítimas das piores punições. Um saudita convertido ao cristianismo é considerado um apóstata e pode ser punido com a pena de morte. O rei mantém uma polícia religiosa secreta extremamente comprometida com a manutenção da tradição islâmica. Os muçulmanos que se interessam pelo cristianismo enfrentam severas consequências, entre as quais a mais branda é o completo isolamento de familiares, amigos, colegas de trabalho e da própria sociedade. Ore e peça que Deus dê coragem aos novos convertidos, capacitando-os a enfrentar a perseguição pelo amor ao evangelho.

4. A Igreja não pode evangelizar. A literatura cristã é terminantemente proibida e visitantes não-muçulmanos não podem adentrar os limites da cidade sagrada de Meca sob pena de condenação à morte.

5. Asiáticos cristãos sofrem duras consequências por suas atividades. Cristãos filipinos, em particular, têm sido bem sucedidos em seus testemunhos. Eles chegam ao país para trabalhar em empregos humildes, como cozinheiros e empregados domésticos, e têm conseguido evangelizar seus empregadores com êxito. Ore pela segurança destes trabalhadores asiáticos e pelo sucesso de suas tentativas evangelísticas.

Fontes:

- 2008 Report on International Religious Freedom

- Países@

- Portas Abertas Internacional

- The World Factbook
1 http://www.economist.com/displayStory.cfm?story_id=13134598

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