sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Pregação Jonh Wesley!




"Acaso não há bálsamo em Gileade? Ou não há lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo?" (Jr 8.22).

Por que o cristianismo tem feito tão pouco bem no mundo? ... Não foi designado, por nosso todo sábio e todo-poderoso Criador, para ser o remédio para o mal da corrupção universal da natureza humana? ... Entretanto, a doença ainda permanece com pleno vigor: maldade de toda espécie, vícios e hábitos impuros, interiores e exteriores, em todas as suas manifestações, ainda dominam por toda a face da terra.

A seguir, Wesley discorre sobre as áreas do mundo ainda não alcançadas pelo cristianismo, sobre as regiões islâmicas e pagãs, mostrando que lá o cristianismo ainda não pôde influenciar as pessoas e transformá-las. Mas, ele pergunta, e quanto aos países "cristãos"? Certamente ali encontraremos uma situação diferente. Infelizmente, não é o que se pode constatar. Teremos sorte se não descobrirmos que o comportamento geral nestes países é pior do que naqueles onde ninguém conhece o cristianismo. A massa da população é cristã apenas no nome, não conhece realmente o cristianismo, nem sabe o que é. Pelo contato pessoal que teve, na Inglaterra e em outros países, com católicos, protestantes ou ortodoxos, Wesley afirma que a maioria é totalmente ignorante, tanto em relação à teoria, como à prática, do cristianismo; sem conhecer, nem ao menos os primeiros princípios, perecem por falta de conhecimento. Mesmo nos países mais afetados pela Reforma, naqueles onde se esperaria achar grandes números de cristãos praticantes e bíblicos, entre dez freqüentadores de igrejas, entre dez pessoas fiéis e assíduas, nove, com certeza, não saberiam explicar coisa alguma dos princípios básicos da vida cristã, da redenção, da ação do Espírito Santo, da justificação, do novo nascimento, da santificação interior ou exterior. E como o cristianismo poderia trazer algum bem, alguma transformação, para pessoas neste estado de ignorância?

Vamos trazer a questão ainda mais próxima. O cristianismo bíblico não é pregado e bem conhecido entre o povo comumente conhecido como metodista? Observadores imparciais admitem que é. E não se pratica entre eles, não só a doutrina, mas a disciplina também, em todas as suas ramificações essenciais, sendo exercitada regular e constantemente? Por que, então, estes não são totalmente cristãos, já que tanto têm doutrina como disciplina cristã? Por que a saúde espiritual do povo chamado metodista não foi recuperada? Por que não temos todos nós "o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus"? Por que não aprendemos dele nossa primeira lição, tornando-nos mansos e humildes de coração? Por que não dizemos junto com ele, em todas as circunstâncias da vida: "Não minha vontade, mas a tua; não vim para fazer a minha vontade e, sim, a vontade daquele que me enviou"? Por que não fomos "crucificados para o mundo e o mundo para nós" - mortos para os "desejos
impuros da carne, os desejos dos olhos e a soberba da vida"? Por que todos nós não vivemos a vida que está "escondida com Cristo em Deus"?

Para dar exemplo em apenas uma área: quem atende a estas palavras solenes: "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra"? Das três regras que se estabelecem a este respeito, você pode encontrar muitos que observam a primeira: "Ganhem o quanto puderem". Ainda encontrará alguns poucos que observam a segunda: "Economizem o quanto puderem". Mas quantos poderá achar que praticam a terceira: "Dêem o quanto puderem"? Será que entre cinqüenta mil metodistas haverá quinhentos que o façam? E, no entanto, nada pode ser mais claro do que a conclusão de que todo aquele que guardar as primeiras duas regras sem a terceira será ainda duas vezes mais filho do inferno do que antes!

Ó que Deus me capacitasse mais uma vez, antes que eu seja levado para nunca mais ser visto, a levantar minha voz como trombeta e falar com aqueles que ganham e economizam tudo que podem, mas não contribuem tudo que podem! Vocês são as pessoas, talvez as principais, que continuamente entristecem o Espírito Santo de Deus e, em grande medida, impedem sua influência graciosa de descer sobre nossas assembléias. Muitos dos seus irmãos, amados de Deus, não têm alimento, não têm vestimentas, não têm lugar para inclinar suas cabeças. E por que são assim angustiadas? Por que vocês estão, ímpia, injusta e cruelmente retendo deles aquilo que o Mestre, tanto seu quanto deles, colocou em suas mãos com o propósito expresso de suprir as necessidades deles! (...)

Naquilo que está gastando, Deus o recomenda? Ele o louva por aquilo que fez? Ele não lhe confiou os bens dele (e não os seus) para este fim? E agora lhe dirá: "Muito bem, servo de Deus"? Você sabe muito bem que não. Aquela despesa inútil não tem aprovação, nem da parte de Deus, nem da sua consciência.

Mas você diz que tem condições de comprar! Que vergonha deve sentir por ter pronunciado bobagem tão desprezível com sua boca! Nunca mais deve admitir tamanha tolice, absurdo tão palpável! Um administrador tem condições de ser um fraudador descarado? De desperdiçar os bens do seu Senhor? Algum servo tem condições de fazer compromissos com o dinheiro do seu Mestre, além daquilo que este lhe ordenou? (...)

Mas, para voltar à nossa pergunta inicial. Por que o cristianismo fez tão pouco bem, mesmo entre nós? (...)

Claramente, porque nos esquecemos, ou pelo menos não atendemos devidamente, às solenes palavras do nosso Senhor: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz, dia a dia, e siga-me". Um homem de Deus comentou, já há alguns anos: "Nunca antes houve um povo na igreja cristã que tivesse tanto poder de Deus no meio deles e, ao mesmo tempo, tão pouca abnegação". De fato, a obra de Deus realmente vai avançando de forma surpreendente, apesar desse defeito capital; entretanto, não será na intensidade que teria de outra forma, nem a Palavra de Deus terá todo seu efeito, a não ser que os ouvintes "neguem-se a si mesmos e tomem suas cruzes diariamente". (...)

Quanto mais observo e considero estas coisas, mais claro está: ...os metodistas ficam mais e mais indulgentes para consigo mesmos, porque estão ficando mais ricos. Embora ainda haja muitos em miséria deplorável..., tantos e tantos outros, no espaço de vinte, trinta ou quarenta anos, ficaram vinte, trinta, até cem vezes mais ricos do que eram quando primeiro ingressaram na sociedade [metodista]. E é uma observação que admite poucas exceções: nove entre dez destas pessoas diminuíram na graça na mesma proporção em que aumentaram suas riquezas. De fato, de acordo com a tendência natural das riquezas, não poderíamos esperar outra coisa. Mas que fato extraordinário este! Como podemos entendê-lo? Não parece (embora não possa ser assim) que o cristianismo, o verdadeiro cristianismo bíblico, tem uma tendência, com o passar do tempo, de minar e destruir a si mesmo? Pois em todo lugar onde o verdadeiro cristianismo chega, produz diligência e frugalidade, que, no curso natural das coisas, acaba gerando riquezas! E riquezas têm o efeito de gerar soberba, amor ao mundo, e toda atitude que é destrutiva ao próprio cristianismo. Agora, se não houver meio de evitar isso, o cristianismo seria incoerente consigo mesmo e, conseqüentemente, não poderia subsistir...

Mas não há como evitar isso? (...) Admitindo que diligência e frugalidade produzem riquezas, não há um meio de impedir as riquezas de destruir a religião de quem passa a possuí-las? Só vejo um caminho possível; que descubra outro quem puder. Você está fazendo tudo para ganhar o quanto puder e economizar o quanto puder? Então, como resultado natural, você está no caminho de enriquecer-se. Porém, se tiver algum desejo de escapar à condenação do inferno, dê o quanto puder; de outra forma, não tenho mais esperança para sua salvação do que a de Judas Iscariotes.

Do sermão 116, Causas da Ineficácia do Cristianismo

Um comentário:

  1. AINDA HA BÁSLAMO EM GILEADE.

    E ELE ESTÁ SENDO DERRAMADO DIA A DIA, AO AMANHECER, AO ESTENDERMOS AS MÃEOS AOS ORFÃOS, AO VISITARMOS AS VIÚVAS, AO ESTARMOS EM COMUNHÃO COM O ESPÍRITO SANTO, AO SERMOS CURADOS DE NOSSAS LEPRAS.

    AINDA HÁ E SEMPRE HAVERÁ BÁSLSAMO EM GILEADE.

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