quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Julgar, Tarefa de Quem não Ama



Do outro lado, estavam os irmãos abstêmios julgando os liberais. O clima na igreja era de murmuração e contenda. Paulo então rebate: "Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio Senhor ele está em pé ou cai, mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar" (Romanos 14.4)

Normalmente é assim. Aqueles que levam o Evangelho dentro dos caprichos da abstinência disto ou daquilo são mais sisudos e minuciosos. Seus olhos são contínuos instrumentos de reprodução e sua língua, uma lança para ferir sempre a sensibilidade alheia. Ai daquele que não se enquadra ao seu modo de ser e de viver o Evangelho: é espúrio e caminha para o inferno.

Os abstêmios punham tropeço no caminho dos outros, dificultando a caminhada da fé, tal fazem hoje os apaixonados pelo evangelho das regras e "pacotes santos", que incluem listas de penalidades de acordo com a quebra de cada uma.

Jesus avisou: "Não julgueis, para que não sejais julgados" (Mateus 7.1) Apesar disto, o que o nosso "sendo de justiça" mais nos incita a fazer é julgar. Julgamos tudo e todos. Julgamos idéias, doutrinas e gostos. Julgamos forma e conteúdo, amigos e irmãos, porque è medida em que julgamos, fazemos mais do que estabelecer a diferença entre o certo e o errado, o inverossímil e o aprovado.

Através do julgamento, inconscientemente damos a nós mesmos um veredito de aprovação aos nossos atos porque precisamos nos assegurar de que estamos absolutamente certos. Isto é necessidade contínua de auto-afirmação. É falta de amor para com os outros e "o amor não busca seus próprios interesses"! No campo da ética cristã, é muito fácil distinguir diferenças entre o povo de Deus. De um lado, encontram-se os que mantém uma devoção extremada aos príncipios de comportamento de diferenciação do mundo, detendo-se em minúcias, enquanto de outro, os que não tributam menor atenção a estes detalhes por considerá-los fora de contexto.

Deveríamos ser mais sensíveis aos nossos irmãos, não com base no que achamos ser certo ou errado, mas no fluir legítimo do amor e atender, sobretudo a esta recomendação do apóstolo: "Portanto não nos julguemos mais uns aos outros, antes seja o vosso propósito não por tropeço ou escândalo ao vosso irmão" (Romanos 14.23)

Tolerância e amor, são duas virtudes que andam juntas. Thomás de Aquino diz: "Devemos amar uns aos outros: aqueles cujas opiniões partilhamos, assim como aqueles com cujas opiniões discordamos".

Livro: Conhecidos Pelo Amor
Capítulo 6 Roma: O Preconceito que Inibe a Força do Amor
Autor: Walter Brunelli
Editora: CPAD

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